Um estudo recente publicado no JAMA Internal Medicine revelou um dado alarmante e difícil de ignorar: a saúde mental das mães nos Estados Unidos está em colapso.
Entre 2016 e 2023, o percentual de mães que avaliavam sua saúde mental como “excelente” caiu de 39% para apenas 26%.
Ao mesmo tempo, aquelas que descrevem sua saúde mental como “regular” ou “ruim” subiram significativamente, ultrapassando 60%.
Esse não é apenas um reflexo dos últimos anos ou da pandemia. É um movimento contínuo e preocupante que, segundo especialistas, reflete mudanças sociais profundas:
• aumento da sobrecarga de trabalho doméstico e emocional,
• escassez de redes de apoio,
• acesso limitado a serviços de saúde mental,
• pressão econômica crescente,
• e o isolamento social vivido por tantas mães, especialmente mães solo ou de baixa renda.
O impacto é tão sério que o próprio cirurgião-geral dos Estados Unidos já classificou o suporte à parentalidade como prioridade de saúde pública.
Mas dentro desse quadro geral, há um grupo de mães que carrega um peso emocional ainda maior e que quase nunca é lembrado: as mães de crianças altamente sensíveis.
O Desafio Invisível: Criar Uma Criança Altamente Sensível
Pessoas Altamente Sensíveis (PAS) são aquelas que possuem um sistema nervoso mais reativo e perceptivo.
Elas absorvem o ambiente com intensidade — e isso começa na infância.
Criar uma criança PAS exige:
👉 Mais paciência emocional;
👉 Mais gestão de estímulos;
👉 Mais empatia para lidar com emoções intensas;
👉 E um constante equilíbrio entre proteção e encorajamento.
Para a mãe, isso significa uma carga emocional multiplicada , especialmente em um cenário onde o apoio social é frágil e a sobrecarga mental é normalizada.
Por Que a Maternidade de Uma Criança Sensível Desgasta Tanto?
Mães de crianças altamente sensíveis se veem no centro de um equilíbrio delicado: elas precisam ensinar seus filhos a navegar no mundo sem sufocar a sensibilidade que é tão natural a eles.
O desafio é que a sensibilidade da criança amplifica tudo:
• Pequenos estímulos são sentidos como tempestades,
• Mudanças de rotina causam desconfortos profundos,
• Críticas são vividas como ataques pessoais,
• E até ambientes barulhentos ou imprevisíveis podem desencadear crises emocionais intensas.
O que isso significa para as mães?
🔻 Um nível constante de vigilância emocional;
🔻 Um sentimento crônico de inadequação ou culpa;
🔻 E, inevitavelmente, um desgaste mental que mina a saúde física e emocional com o tempo.
Mães Altamente Sensíveis: A Sensibilidade em Dobro
Não bastasse o desafio de criar uma criança sensível, muitas mães também carregam o traço da alta sensibilidade.
Mães PAS tendem a:
• Sentir as emoções dos filhos como se fossem suas;
• Sofrer com ambientes caóticos, excesso de estímulos e barulho;
• Ter mais facilidade para se emocionar — e para se exaurir.
Essa dupla sensibilidade (mãe e filho) pode ser fonte de empatia profunda, mas também é um campo fértil para exaustão silenciosa.
O Peso Invisível Que Pouca Gente Vê
Enquanto muita gente ainda romantiza a maternidade, mães de crianças altamente sensíveis vivem uma realidade diferente:
✔️ São as primeiras a chegarem em eventos para evitar o tumulto,
✔️ Conhecem os gatilhos invisíveis que o filho carrega,
✔️ Precisam explicar (e muitas vezes defender) a sensibilidade do filho para o mundo,
✔️ E quase nunca têm com quem dividir esse fardo.
Essa carga emocional invisível, somada à falta de políticas públicas, ao isolamento e à cobrança interna, é o que torna ainda mais grave o colapso da saúde mental materna.
Conclusão: Cuidar da Mãe É Cuidar da Criança
Cuidar da saúde emocional das mães ( especialmente das que criam crianças sensíveis ) não é um luxo.
É uma necessidade urgente.
Autocuidado, espaços seguros de escuta, informação sobre alta sensibilidade e redes de apoio reais podem transformar não apenas a saúde mental das mães, mas também o futuro das crianças.
Sensibilidade não é fraqueza — nem na mãe, nem na criança.
É um convite a uma nova forma de viver.
Mas para que floresça, precisa ser vista, reconhecida e cuidada , começando por quem cuida.
✍️ Sobre a autora:
Tati de Vasconcellos é terapeuta holística com mais de 10 anos de experiência, especializada em Pessoas Altamente Sensíveis (PAS), saúde emocional e bem-estar. Trabalha com mães e famílias que desejam compreender melhor a sensibilidade como força e construir relações mais equilibradas.
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