By Dra. Mônica Martellet, Aesthetic Pharmacist, CEO of Clínica Dra. Mônica Martellet
Estética Avançada, University Professor and Columnist at Florida Review Magazine
Estamos imersos em uma fase marcada pelo imediatismo, onde resultados são exibidos com a mesma velocidade com que se desliza o dedo na tela do celular. Transformações estéticas ganham molduras digitais, e a expectativa que se cria é de que a pele humana responda no ritmo de um algoritmo. Mas a pele, este órgão dinâmico, vivo, sensível, tem seus próprios ciclos biológicos, guiados por princípios que não podem ser acelerados por likes ou promessas comerciais.
A renovação epidérmica, por exemplo, leva em média 28 dias em peles jovens e saudáveis. Já a produção de colágeno, especialmente em tecidos maduros ou submetidos ao estresse oxidativo, exige semanas, e muitas vezes meses, para apresentar sinais visíveis de reorganização. A resposta tecidual a bioestimuladores, peelings ou lasers segue uma sequência orquestrada de inflamação, proliferação celular e remodelamento, quesimplesmente não pode ser executada em sete dias de conteúdo digital.
O que me preocupa como especialista não é o avanço da tecnologia, mas a ansiedade estética que ela desperta. Em vez de confiança, ela gera comparação. Em vez de entendimento, gera frustração. E o resultado disso é o que tenho visto com frequência: peles sobrecarregadas, sensibilizadas, submetidas a protocolos intensos sem escuta clínica, buscando resultados imediatos e perdendo, no processo, sua integridade funcional, bem como suas características de beleza única.
A pele responde, sim. Mas responde ao cuidado coerente, à escolha inteligente de ativos, à constância nos estímulos, ao respeito pelo seu ritmo biológico. E essa resposta se manifesta com melhora de textura, luminosidade, tônus e elasticidade. Tudo isso vem. Mas vem com tempo. Com fisiologia. Com respeito.
Quando você aplica um bioestimulador, por exemplo, não está preenchendo uma ausência, está convidando os fibroblastos a retomar uma função fisiológica adormecida. Quando escolhe um ácido, não está apenas esfoliando, está sinalizando uma renovação. Quando opta por pausar, por hidratar, por proteger, está permitindo que a barreira cutânea execute sua função mais nobre: manter você inteira.
A estética baseada em ciência não promete pressa e nem gera esgotamento coletivo do corpo e da imagem. Ela entrega sustentação, reparo, inteligência celular. Ela ensina que beleza não se trata de esconder imperfeições, mas de reconstruir estruturas com propósito. E que isso, inevitavelmente, exige tempo.
Então, da próxima vez que você se frustrar por não ver o resultado imediato de um tratamento, lembre-se: sua pele não está falhando. Ela está se protegendo. Está obedecendo a ciclos milimetricamente orquestrados pela biologia. Está tentando equilibrar estímulos, corrigir excessos e encontrar seu ponto de regeneração e equilíbrio.
Sua pele tem um tempo. Um tempo que não se mede por tendências, nem se curva a algoritmos. E está tudo bem. Porque aquilo que é construído com coerência permanece, mesmo depois que os filtros se apagam. Talvez, no fim das contas, a maior revolução estética da nossa era seja reaprender a cuidar sem se cobrar tanto por isso.