Por Dra. Mônica Martellet
Farmacêutica Esteta | Professora Universitária | CEO da Clínica Dra. Mônica Martellet Estética Avançada
Nos últimos anos, temos evoluído muito na forma como compreendemos o envelhecimento. Se antes o foco estava em rugas, manchas ou flacidez, hoje sabemos que a pele é reflexo de processos internos complexos e, entre eles, o desequilíbrio hormonal tem ganhado destaque absoluto.
Um dos hormônios que mais interferem na qualidade da pele é o cortisol. Conhecido popularmente como o “hormônio do estresse”, ele é produzido pelas glândulas adrenais, localizadas acima dos rins e atua como um verdadeiro regulador metabólico e imunológico. Em níveis equilibrados, é essencial para o bom funcionamento do corpo, influenciando desde o metabolismo de gorduras, proteínas e carboidratos até o ciclo do sono. Mas, em desequilíbrio, ele deixa de ser um aliado da saúde e passa a agir como acelerador do envelhecimento.
A ciência já confirma o que a prática clínica mostra diariamente: pessoas expostas ao estresse crônico, mesmo que moderado, apresentam redução significativa na capacidade de regeneração da pele. Estudos recentes revelam perdas de até 30% na eficiência de fibroblastos e queratinócitos, duas células fundamentais para a firmeza, proteção e renovação cutânea. Além disso, o cortisol elevado reduz a ação de enzimas antioxidantes, favorecendo o acúmulo de radicais livres e contribuindo para a degradação da matriz dérmica.
Na minha rotina clínica, observo que muitas pacientes seguem corretamente seus cuidados com a pele, utilizam bons produtos, fazem procedimentos com regularidade, mas ainda assim não têm os resultados esperados. Quando investigamos a fundo, encontramos um denominador comum: altos níveis de estresse e desequilíbrio do eixo hormonal, principalmente do cortisol.
Em concentrações elevadas, esse hormônio afeta diretamente a produção de colágeno, compromete processos cicatriciais, fragiliza a barreira de proteção da pele e agrava o estresse oxidativo. O resultado é uma pele mais fina, sensível, vulnerável a inflamações crônicas de baixo grau. E não para por aí: há fortes associações entre o excesso de cortisol e condições dermatológicas como acne, alopecia, psoríase e até acúmulo de gordura localizada. Mais uma vez, fica claro que não é possível dissociar estética de fisiologia.
Felizmente, o cortisol pode e deve ser monitorado. Exames laboratoriais e até testes rápidos auxiliam no rastreio clínico, permitindo um acompanhamento mais preciso. E, com isso, abre-se espaço para uma abordagem muito mais completa e eficaz: cuidar da pele de dentro para fora, com estratégias que vão além da aplicação de bioestimuladores ou do uso de ativos potentes. Trata-se de entender o que está por trás daquela pele reativa,
daquela flacidez precoce, daquela paciente que cuida muito da saúde estética e mesmo
assim os resultados são mais lentos.
Envelhecer é um processo natural. Mas envelhecer com consciência, ciência e estratégia é uma escolha. Quando entendemos o impacto do cortisol na pele, passamos a cuidar não apenas do sintoma, mas da causa. E é aí que os resultados realmente duram.