Texto de Kiki Garavaglia
Estava em Londres, já meio entediada, almoçando com uma amiga turca quando, de repente, me deu uma vontade imensa de conhecer Istambul… E por que não? Fui direto a uma agência de viagens e, em meia hora, já tinha comprado um “pacote” para o fim de semana.
Infelizmente, cheguei à noite. Chovia, e o taxista me “depositou” no hotel — um pequeno prédio antigo, numa rua feia. Informou que era ali mesmo! A primeira coisa que pensei foi: “Maria Christina, você se meteu numa roubada…” Entrei no quarto, também velho e sem graça, e resolvi tomar uma chuveirada. Caíam apenas alguns pingos… Fui dormir depois de tomar um sonífero, claro, bem desanimada e arrependida desses meus “impulsos malucos”…
Na manhã seguinte, quando abri a janela — que estava meio emperrada —, não acreditei no que vi: diante de mim, uma das vistas mais lindas do mundo! Um céu azul e, ao lado, a mesquita de Santa Sofia, o maior símbolo da arquitetura bizantina. Yes! Meu hotel ficava bem no coração do centro histórico!
Tomei um café turco, claro, e fui correndo, a pé, até as duas mesquitas, maravilhada com tudo. Depois de apreciar cada detalhe, cada ladrilho, fui andando até o mercado de especiarias, o Spice Bazaar, para me deliciar com o cheiro de gengibre, páprica, açafrão, cravo, canela e tantas outras ervas da culinária e da medicina…
O tempo passou e percebi que estava com fome, então segui para o famoso Grand Bazaar. Fiquei tonta com tanta coisa linda: âmbar, turquesas, joias, cerâmicas, tapetes, luminárias, túnicas, chinelos, almofadas… Não quis nem parar para comer — saí comprando tudo! Claro, sozinha e inexperiente, só fui descobrir depois que a maioria das pedras semipreciosas que comprei eram falsas!
Ainda no mesmo dia, fui ao famoso museu do Palácio Topkapi — uma verdadeira cidade dentro de outra, da época do Império Otomano. Só de cozinheiros, eram mais de 1.500! Móveis, porcelanas, armas, armaduras e roupas imperiais estavam expostas com um luxo impressionante. Sem falar na gigantesca esmeralda incrustada no cabo de uma adaga…
Lá também havia um “harém”, onde as concubinas viviam sem poder sair… Fiquei imaginando aquelas moças — algumas ainda meninas — esperando serem “requisitadas” pelos sultões, vigiadas por “eunucos”, rapazes castrados aos 14 anos para que não “desejassem” nenhuma delas… Fiquei tão impactada que entrei e saí do harém umas três vezes, só imaginando… Devia haver disputas, ciúmes das mais solicitadas… Muito triste!
Para me distrair, resolvi fazer um passeio de barco pelo estreito de Bósforo, onde, de um lado, está o Ocidente e, do outro, o Oriente… Que cidade fascinante!